LUAS E RUAS, CONTRA OS
GENOCÍDIOS.
Contra os de cima. Essa luta tem que ser de todos nós.
Junho de 2014. Uma bala. Um policial. Luana Barbosa é
assassinada pelo Estado Brasileiro. B.O.
realizado. Nada
feito. Policial descansa em
tranquilidade com sua aposentadoria garantida.
Mataram uma artista de rua.
Novembro de 2014. Muitas facadas. Um grupo de latifundiários.
Marinalva Manoel é assassinada
pelo Estado Brasileiro. B.O. realizado. Nada feito. Latifundiários praticam tranquilos o esporte da
tortura e genocídio aos indígenas guarani kaiowá nas
‘agroterras’ de Mato Grosso do Sul. Mataram
uma indígena.
Novembro de 2015. 500 km de Lama. Uma multinacional. O rio doce
é assassinado pelo Estado
Brasileiro. B.O. realizado. Nada feito. VALE e SAMARCO distraem-se
felizes, donas de nossos
minérios-rios-seres-humanos-doenças-alimentos. Mataram a vida.
Junho de 2016. Golpe. Um grupamento de políticos, juízes e
empresários organizados. Um país. A
democracia brasileira, que já não contemplava os trabalhadores,
é assassinada pelo Estado
Brasileiro. B.O. realizado. Nada feito. Os mais ricos comemoram em
brindes caros, custeados com
nossos suores, o sucesso de suas negociatas. Mataram o que já estava morto.
1500… 1800... 2000... 2016. Golpes, facadas, balas, lama. Uma
classe. Trabalhadores são
assassinados pelo Estado Brasileiro. B.O. realizado. Nada feito. Burgueses esbanjam seus iates,
mansões e palacetes por sobre nossas taperas e miseráveis
liberdades concedidas. Mataram-nos,
mas não nos calarão. Os nossos mortos tem voz!
No 27 de junho tomaremos as ruas. Somos milhares.
Somos invisíveis. Somos mulheres. Somos
negras. Somos movimentos. Somos homossexuais. Somos travestis.
Somos aprendizes. Somos
ladrões de galinhas. Somos gueto e favela. Somos Mariguela. Somos Dandara. Somos periferia.
Somos refugiadas. Somos cultura, cultivo. Somos o que é vivo.
Somos oprimidas. Somos
exploradas. Somos transgêneros. Somos loucos.
Somos homens em desconstrução. Somos
indígenas em resistência. Somos os de baixo. Somos estudantes e
secundaristas. Somos poetas e
artistas. Somos um e somos todas. Somos
maioria. Discutiremos o que está
privado para
compreender o que não está público. Tocaremos nas feridas. Abriremos janelas.
Arrebentaremos
portões. Destruiremos cercas, simbólicas talvez. Jogaremos
xadrez. Faremos nossa guerrilha. Tática
e estrategia. Tomaremos
as ruas como aviso, como ameaça.
Sabemos de quem é a taça e esse
brinde não estamos mais dispostos a fazer.
Senhores e Senhoras! Se não nos deixarem sonhar, não deixaremos vocês dormirem em paz.
Nossos arco-e-flecha erguidos, caras pintadas nos morros,
estandartes, tambores, amores, faremos
do nosso tempo felicidade, da nossa existência sinceridade e do
nosso encontro luta. Tomaremos
as cidades. Pra nos manter juntos, pra começo de conversa…
Junho de 2016. Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
XVIII
Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua.