quinta-feira, 25 de abril de 2019

Galpão da Lua apresenta: Relpi Me you que nóis agradece to you

Coletivo Santo Útero
Acontece neste sábado, dia 27 de abril, a partir das 19 h,  em frente ao Galpão da Lua, um grande Cabaré Cultural. 
A programação é diversificada e contará com a participação de diferentes artistas e grupos da cidade.



O evento tem um motivo muito especial, a atual condição financeira do Galpão da Lua não é nada boa, e por isso o espaço pode ter os serviços de água, luz e internet cortados em breve e o seu CNPJ cancelado.
Cabaré Cultural do Galpão da Lua

O desmonte das políticas públicas culturais existentes e o corte drástico dos investimentos em Cultura significam o fim do financiamento de projetos de interesse público como este que realizamos.


Resistir é possível! 
Diversos artistas e grupos da cidade abraçaram a causa e farão um grande Cabaré Cultural com muita música, dança, poesia, teatro, circo, bonecos e a tradicional palhaçada para todas as idades. 

O público poderá colaborar no chapéu e a renda será revertida para a manutenção do espaço, que já acumula contas com pagamento atrasado.

Já estão confirmadas na programação as atrações Mateuzinho e os Umbigaê, Filhos da Ciça, artista Japonega, Coletivo Santo Útero, dança “Minas” com Tati Maria, além dos artistas e grupos do Galpão da Lua.

Filhos da Ciça
O Cabaré Cultural é um momento muito rico do coletivo do Galpão. É sempre um encontro novo em que grupos, artistas e público se misturam, onde se apresentam cenas e números novos, onde pais e filhos brincam em cena fazendo arte. Muitos números de grupos e artistas do Galpão da Lua foram apresentados pela primeira vez no Cabaré, que é um espaço aberto as experimentações e apreciação popular. E muitos grupos e artistas convidados já passaram por ele somando e troncando nessa rica experiência artística realização coletiva.  

O Cabaré foi o espetáculo coletivo do Galpão que ajudou a manter a sede em 2014, quando tínhamos um alto custo de aluguel, e agora, novamente, ele será uma grande força na resistência desse projeto que atualmente dá função social a um prédio púbico que estava abandonado e continua a levar espetáculos para bairros e espaços alternativos da cidade.

O Cabaré também vai marcar o início de uma CAMPANHA DE DOAÇÕES, que podem ser feitas diretamente com depósito na conta corrente da Associação que representa o Galpão da Lua:



Coreografia Minas
Banco: Banco do Brasil 001
Agência: 6609-5
Conta-corrente: 4215-3
Favorecido: Federação Prudentina de Teatro e Artes Integradas, CNPJ 04.794.477/0001-47.


Serviço
Dia: 27 de Abril, sábado, a partir das 19 h
Espetáculo: Cabaré Cultural do Galpão da Lua
Local: Em frente ao Galpão da Lua
Rua Julio Tiezzi, 130 – Centro – Presidente Prudente
Mateuzinho e os Umbigaê

terça-feira, 23 de abril de 2019

Galpão da Lua recebe Kiwi Cia. de Teatro com o espetáculo Fome.doc e oficina

O Galpão da Lua receberá a Kiwi Companhia de Teatro, da cidade de São Paulo, com a oficina de Teatro Documentário e apresentação do espetáculo "Fome.doc".

O espetáculo e oficina acontecem no Centro Cultural Matarazzo, nos dias 30 de abril e 1 de maio e são gratuitas.


A Kiwi chega  a Presidente Prudente com o apoio do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo  (ProAC), Edital de Circulação de Artes Cênicas no Estado de São Paulo.


Sobre o espetáculo:

Fome.doc é um trabalho cênico inspirado nas técnicas e princípios do teatro documentário que discute, sob diferentes ângulos, a fome no mundo. Da fisiologia humana à Glauber Rocha, de Oscar Wilde à João Cabral, da Palestina ao Sudão do Sul, de Beethoven ao rock, do agronegócio ao MST, a montagem apresenta um panorama de processos sociais que revelam a desumanização, para assim vislumbrar o seu possível contrário.

O projeto artístico Fome.doc foi apoiado pela Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo. O trabalho cênico estreou em julho de 2017, no Centro Cultural São Paulo e realizou uma segunda temporada no Galpão do Folias em outubro do mesmo ano.


Encenação e projeto
Alguns acontecimentos são capazes de redefinir a experiência humana. A densidade e a violência a eles relacionados marcam de forma definitiva a história. Quatro destes acontecimentos compõem a coluna vertebral da montagem: o extermínio de indígenas no continente americano, os três séculos e meio de escravidão no Brasil, o holocausto judeu na Europa e as novas formas de colonialismo no Oriente Médio, América Latina e África.


Associados a eles, discutimos diversos aspectos relacionados à terra e a produção de alimentos (soberania alimentar, agroecologia, concentração fundiária, agronegócio), além de alargar a discussão para o campo poético através de referências à obra de Franz Kafka, Shakespeare, Beethoven, João Cabral de Melo Neto, Mahmud Darwich, Graciliano Ramos e Carolina Maria de Jesus, entre outros. Um rico material iconográfico e audiovisual foi pesquisado e incorporado através de releituras, recriações e recontextualizações.



Assim, ao documentar a fome - inspirado pelas contribuições históricas e contemporâneas do teatro documentário - o projeto apresenta perspectivas e formas diversas. Trata-se da fome que extermina – e o século 21 continua fornecendo muitos exemplos -, e também da fome que, diante das misérias, aponta para a luta por dignidade, beleza, verdade e justiça. As estratégias cênicas, que incluem música ao vivo e uma curta exibição de imagens, vão do registro claramente narrativo à insinuação dramática, passando pela farsa e pelo burlesco.




Sobre alguns autores e autoras utilizados em FOME.DOC
 
A pesquisa empreendida pela Kiwi Companhia de Teatro em Fome.doc compreende a leitura de autores e autoras das mais diversas nacionalidades e vertentes. Um dos escritores sobre o qual o grupo se debruçou foi o frade dominicano Bartolomé de las Casas, que registrou em 1542 (a primeira publicação data de 1552) uma das mais contundentes denúncias sobre as violências cometidas pelos conquistadores europeus contra os indígenas do chamado novo mundo. Brevíssima relação da destruição das Índias é, ainda hoje, um documento incontornável para compreender o processo de invasão e colonização das Américas.


Outro autor importante no processo de investigação foi o escritor italiano Primo Levi (1919-1989), sobrevivente de Auschwitz, que publicou em 1947 um dos mais importantes relatos sobre a vida nos campos de concentração e o extermínio de judeus, o livro É isto um homem?. A obra é também uma reflexão poética e filosófica sobre a desumanização e a sobrevivência em situações extremas. Poucos anos depois, em 1950, o martiniquês Aimé Césaire (1913- 2008) publicou Discurso sobre o colonialismo. No texto, o escritor denuncia a violência europeia que se escondia sob o manto da “civilização ocidental”. 


Do mesmo modo, fizeram parte do material de trabalho, textos da escritora brasileira Carolina Maria de Jesus (1914-1977), conhecida internacionalmente pela obra Quarto de despejo - Diário de uma favelada (publicada em 1960), e do poeta Mahmud Darwich, morto em 2008, considerado o poeta nacional da Palestina.

Vários outros autores e autoras serviram de inspiração direta para a montagem, entre eles: Franz Kafka (Um artista da fome), William Shakespeare (prefácio de Henrique V), João Cabral de Melo Neto (poemas de O cão sem plumas).
 

Também serviu como material dramatúrgico para a montagem as Novas Cartas Políticas de Erasmo, missivas endereçadas ao imperador Pedro II e publicadas anonimamente na imprensa carioca na década de 1860. O autor era José de Alencar, conhecido romancista que defendia posições a favor da manutenção da escravidão no Brasil.

Ficha Técnica
Roteiro e direção geral: Fernando Kinas
Elenco: Fernanda Azevedo e Renan Rovida
Direção e execução musical: Eduardo Contrera
Iluminação: Aline Santini
Cenário: Márcia Moon
Figurino: Madalena Machado
Assistência e operação de luz e som: Clébio Souza (Dedê)
Edição de imagens: Luiz Gustavo Cruz
Confecção de marionetes: Celso Ohi
Preparação vocal: Roberto Moura
Vozes gravadas: Marilza Batista e Félix Sánchez
Programação visual: Camila Lisboa (Casa 36)
Fotografia: Filipe Vianna
Cenotécnico: Lázaro Batista Ferreira
Produção: Luiz Nunes e Daniela Embón
Divulgação: Canal Aberto Assessoria de Imprensa
Realização: Kiwi Companhia de Teatro
Classificação Indicativa: 14 anos
Sobre a Kiui Companhia:
www.kiwiciadeteatro.com.br

Serviço:

O quê? Espetáculo FOME.DOC

Quando? Dia 01 de maio - Às 20h
Onde? Teatro Paulo Roberto Lisboa - Centro Cultural Matarazzo
Quanto custa? Gratuito
Classificação: 14 anos
Informações: 018 99742 59 94

O quê? Aula Pública: "A atualidade do Teatro Documentário"
Quando? Dia 30 de abril - Dás 19h às 22h
Onde? Sala 06 no Centro Cultural Matarazzo
Quanto custa? Gratuito
Inscrições: producaofederacao@gmail.com







terça-feira, 2 de abril de 2019

Carta de Salvador – XXII Encontro da RBTR, 2019



Carta de Salvador – XXII Encontro da RBTR, 2019

Ditadura nunca mais!

              A Rede Brasileira de Teatro de Rua - RBTR, criada em março de 2007, em Salvador/BA,
é um espaço físico e virtual de organização horizontal, sem hierarquia, democrático e inclusivo.
Todos os grupos de teatro, artistas-trabalhadoras e trabalhadores, pesquisadoras e
pesquisadores envolvidas com o fazer artístico da rua, pertencentes à RBTR podem e devem
ser suas articuladoras e seus articuladores para, assim, ampliar e capilarizar, cada vez mais,
reflexões e pensamentos, com encontros, movimentos e ações em suas localidades.
               O intercâmbio da RBTR ocorre de forma presencial e virtual, entretanto toda e
qualquer deliberação é feita nos encontros presenciais, realizados, ao menos, uma vez ao ano,
de forma rotativa de maneira a contemplar todas as regiões brasileiras, valorizando as
necessidades mais urgentes do país. As articuladoras e os articuladores de todos os Estados,
bem como os coletivos regionais, deverão se organizar para garantir a participação nos
encontros, além da continuidade dos trabalhos iniciados nos Grupos de Trabalhos (GT´s), a
saber: 1) Política e Ações estratégicas; 2) Pesquisa; 3) Colaboração artística; 4) Comunicação;
5) Gênero.
               A Rede Brasileira de Teatro de Rua, reunida de 26 a 31 de março de 2019, na cidade de
Salvador/BA, em seu XXII Encontro, com a presença de 125 articuladoras e articuladores de 16
estados brasileiros e do Distrito Federal, reafirma sua missão de lutar:
       · Por um mundo socialmente justo e igualitário que respeite as diversidades;
       · Por políticas públicas culturais com investimento direto do Estado por meio de fundos
públicos de cultura, garantindo assim o direito à produção e ao acesso aos bens
culturais a todas as brasileiras e brasileiros;
       · Por políticas transversais que viabilizem o diálogo do Teatro de Rua com os campos da
Educação, Saúde, Ação Social, Segurança e Direitos Humanos;
       · Pelo livre uso dos espaços públicos abertos, garantindo a prática artística e
respeitando as especificidades dos diversos segmentos das artes cênicas, em acordo
com o artigo 5º da Constituição Brasileira e com o artigo 3º do Decreto-Lei Federal
4.657/1942; e
      · Contribuir para o desenvolvimento das Artes Públicas, possibilitando as trocas de
experiências artísticas e políticas entre as articuladoras e os articuladores da rede;

A RBTR expressa suas femenagens a:

       ∞ Selma Bustamante (in memorian), palhaça Kandura, fundadora do Grupo Baião de
Dois, importante artista e arte/educadora, atuante nas cidades de São Paulo/SP e Manaus/AM,
entre outros locais, ao longo de quase 40 anos de trajetória;
       ∞Tainã Andrade, artivista, Mestra de Teatro de Rua e Cultura Popular, fundadora do
Grupo Teatral Filhos da Rua, idealizadora do Espaço Cultural Tupinambá e militante histórica
do Movimento de Teatro de Rua da Bahia (MTR/BA), enaltecendo a sua história de luta e
resistência. O concreto não apagará o seu legado!


       A RBTR demarca o espaço de presença, ocupação e representatividade artística e
política da população trans e travesti no decorrer do encontro e nas articulações, qualificando
o debate do teatro de rua.

       Demarcamos também a emergência e importância histórica de grupos de mulheres
realizados nos Encontros nacionais da RBTR em Campo Grande, Presidente Prudente e
Parelheiros e no Encontro Estadual de São Paulo, em Guarulhos, que possibilitaram debates
interseccionais relacionados às questões raciais, étnicas e de classe, bem como a análise sobre
as expressões e efeitos de masculinidades tóxicas. Estas composições se somaram e
implicaram no primeiro GT de Gênero, realizado no Encontro da RBTR de Salvador, bem como
na premissa deste debate como vital e fundante dos próximos encontros.

       Nós, articuladoras e os articuladores da Rede Brasileira de Teatro de Rua, com o
objetivo de construir políticas públicas culturais mais democráticas e inclusivas, defendemos:
       · A criação de lei que fomente o Teatro de Grupo e que a mesma assegure a
participação do teatro de rua e contemple: produção, circulação, formação, trabalho
continuado, registro e memória, manutenção, pesquisa, intercâmbio, vivência,
mostras e encontros de teatro, levando em consideração as especificidades de cada
região (ex: custo amazônico);
       · O debate e a criação junto ao poder público de marcos legais para a plena utilização
dos espaços públicos abertos, com proteção e segurança, extinguindo todas e
quaisquer cobranças de taxas, bem como a excessiva burocracia para as apresentações
de artistas de rua;
       · A ocupação de prédios passíveis de serem considerados de utilidade pública e que não
cumprem sua função social, transformando-os em sedes de grupos que desenvolvam
ações continuadas;
       · Defendemos a representatividade do teatro de rua nos colegiados setoriais e
conselhos das instâncias Municipais e Estaduais e a reativação dos conselhos que não
tiveram continuidade nos últimos anos;
       · A criação de uma legislação específica para a cultura, já que a Lei federal 8.666/93 não
contempla as especificidades da área cultural;
       · Que sejam incluídos dentro das Universidades, instituições de ensino e escolas
técnicas, componentes curriculares e projetos de pesquisa e extensão referentes ao
Teatro de Rua, às Culturas Populares Brasileiras e ao teatro da América Latina;

Denunciamos e repudiamos:
       · O desmonte das políticas públicas de cultura em âmbito federal, como os editais da
Funarte, entre eles o Myriam Muniz (teatro), Klaus Viana (dança), Carequinha (circo) e
Artes Cênicas na Rua (circo, dança e teatro) e o programa Pontos de Cultura, que
foram interrompidos em 2017.
       · O fim das reuniões do Colegiado Setorial de Teatro, ligado ao Conselho Nacional de
Política Cultural (CNPC), cujas reuniões deixaram de acontecer no ano de 2017.

Repudiamos:
       · Toda e qualquer forma de opressão, perseguição e/ou repressão às artistas e aos
artistas de rua e a proibição de apresentações artísticas em espaços públicos;
       · Todo e qualquer ataque, por parte do poder público e/ou sociedade civil, contra sedes
de coletivos e ocupações artístico-culturais.

       Frente a um processo histórico, que prima pela higienização e pela criminalização dos
movimentos sociais, a RBTR apoia e defende a luta do Movimento de Teatro de Rua da Bahia
(MTR/BA), que reivindica o direito à ocupação cultural das cidades.
       Conforme os acompanhamentos tirados em plenária, frutos do debate realizado no
XXII Encontro da RBTR, com a participação do Professor Glaucio Machado Santos, vice-diretor
da Escola de Teatro da UFBA, a RBTR e o MTR/BA defendem que o Teatro de Rua seja
institucionalizado nos currículos dos cursos de Teatro da UFBA
, de forma articulada aos
projetos de pesquisa e extensão da citada universidade.
       A RBTR acompanhará o diálogo do Movimento de Teatro de Rua da Bahia junto às
instâncias do poder público do Estado a fim de reativar o grupo de trabalho para a
regulamentação da Lei Estadual nº 8.638/2003, que autoriza a criação da Casa do Teatro de
Rua da Bahia.

       A RBTR e o MTR/BA reivindicam a abertura de debate acerca da elaboração da Lei
Municipal de Artistas de Rua de Salvador.

       A RBTR apoia e defende a luta do MTR/BA na formulação de políticas culturais na área
do teatro e do patrimônio, compreendendo a importância do reconhecimento, por parte do
poder público, do Teatro de Rua enquanto Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial.
       A RBTR considera fundamental a abertura da sede do Movimento de Teatro de Rua
da Bahia para todes Artistas de Rua
, independentes ou vinculades a coletivos.
       O Teatro de Rua é um símbolo de resistência artística, comunicador e gerador de
sentido, além de ser propositor de novas razões no uso dos espaços públicos abertos. Assim,
reafirmamos o dia 27 de junho como dia nacional da Tomada do Brasil pelas Artes Públicas,
em memória de Lua Barbosa, assassinada pela polícia militar neste mesmo dia do ano de 2014,

em Presidente Prudente/SP. Tomaremos as cidades, ocuparemos seus espaços públicos,
cantaremos pela arte, saúde e educação públicas, pelo direito à moradia e por um país que
respeite a dimensão da convivência pública e pacífica.
       Foi indicada em plenária final a cidade de Serra Talhada/PE, para o XXIII Encontro da
RBTR
, a ser realizado no primeiro semestre de 2020 e uma cidade na Região Metropolitana de
Porto Alegre/RS
para o XXIV Encontro, a ser realizado no segundo semestre de 2020 ou no
primeiro semestre de 2021.

Por fim, reiterando, para que não haja dúvida: Ditadura nunca Mais!

31 de março de 2019
Salvador, Bahia, Rede Brasileira de Teatro de Rua