quinta-feira, 29 de junho de 2017

Programação diária – 29 de junho – Abertura do Encontro e dois espetáculo

Começa hoje, dia 29 de junho o XX Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua, evento organizado pelo Galpão da Lua comemora os 10 anos da RBTR e está recebendo mais de 100 artistas de diversas partes do Brasil para se apresentar e debater temas relacionados a Arte e sua relação com a cidade e questões atuais do cenário político social.
A programação de abertura está prevista para começar ás 9h da manhã com uma roda de abertura e recepção dos convidados. Para o período da tarde a Professora Dra. Terezinha Ferrari será a provocadora de um debate intitulado: “Controvérsias contemporâneas”. A partir das 20h dois espetáculos de grupos paulistanos serão encenados na Praça da Bandeira e na Rua em frente ao Galpão da Lua.

Sobre os Espetáculos:
20h – Espetáculo “Era uma vez um Rei” com o grupo Pombas Urbanas (São Paulo-SP). Local: Praça da Bandeira, Centro (ao lado do camelódromo). 

“Era Uma Vez Um Rei” é a mais nova montagem de teatro de rua do grupo, tendo estreado em julho de 2014, com texto do dramaturgo chileno Oscar Castro. Para a estreia, o grupo adaptou a obra ao contexto brasileiro e a nossa contemporaneidade. O espetáculo é uma sátira ao poder e vem dialogar diretamente com o momento político do país. Ao contar a história de mendigos que brincam de alternar-se no poder, imaginando serem ditadores, presidentes e reis, o espetáculo fala sobre as relações de poder numa esfera comum a muitos países latino americanos, que foram colônias, tiveram suas lutas pela independência, e que mais recentemente sofreram com ditaduras militares. Acreditamos ser extremamente necessário trazer uma discussão política, principalmente com Arte. 

Desde o descobrimento do Brasil, o período de monarquia, ditadura e de estado “democrático de direito” (do grego dēmokratía: poder do povo), a trajetória política do país fez com que o poder estivesse sempre atrelado a pequenos núcleos que detêm a riqueza, se tornando então um sistema político que não representa seu povo. Na história mais recente, a ocupação das escolas pelos estudantes para evitar o fechamento das mesmas, a onda de manifestações, as constantes queimas de ônibus como meio de protesto são demonstrações da indignação de um povo com a ausência do Estado. 
                    
A linguagem do espetáculo propõe uma dinâmica que se abre a participação do público, assumindo o teatro como um ato público, onde a plateia pode adotar, em alguns momentos, o papel / posição de “povo” no desenrolar do espetáculo. 
Pombas Urbanas - Foto de Tati Brandão
Release

Um grupo de mendigos se encontra num final de tarde da cidade. Com latas, plásticos e papelões criam o espaço onde vivem, descansam e fazem festa. De suas relações nasce uma brincadeira na qual, a cada semana, um deles será rei, depois presidente e em seguida ditador. O jogo humano e imaginativo torna-se intenso e esses mendigos saem da realidade em que vivem para representar as relações de poder da mesma sociedade que os marginaliza.


Ficha Técnica

Texto – Oscar Castro
Direção – Juliana Flory
Cenografia – Alexandre Souza
Figurino – Carlos Alberto Gardin
Assistente de figurino – Fernanda Versolato
Direção Musical – Grupo Pombas Urbanas e Giovanni Di Ganzá
Música de Abertura – “Molambos Molhados” de Ray Lima

Elenco
Adriano Mauriz – Papelão
Marcelo Palmares – Barulheira
Paulo Carvalho – Sucata
Coro de mendigos:
Cinthia Arruda – Chiley
Juliana Flory – Germana
Marcos Kaju – Minhoca
Natali Santos – Pelezinha
Ricardo Big – Buda
Grupo Pombas Urbanas - Foto de Tati Brandão
Sobre o Pombas Urbanas

Grupo com 28 anos de estrada e de história com um trabalho reconhecido na América Latina relacionado ao Teatro Comunitário e a pesquisa sobre a encenação para a Arte de Rua, conta hoje com 13 espetáculos em seu repertório, criados a partir de pesquisas sobre a formação do ator, linguagem e dramaturgia. O Pombas Urbanas nasceu em 1989 a partir do processo de formação teatral desenvolvido pelo diretor peruano Lino Rojas (1942-2005) no bairro de São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo. 

Um destaque da atuação da trupe é o “Centro Cultural Arte em Construção”. Galpão localizado na cidade Tiradentes, extremos leste da cidade de São Paul onde o coletivo ministra oficinas de teatro, circo e música para crianças, jovens e idosos, colabora com a formação de novos grupos de teatro, promove um amplo processo cultural comunitário, desenvolve sua pesquisa cênica, cria e apresenta espetáculos. O espaço é hoje sem dúvida uma referência de democratização do acesso a formação artística e bens culturais em regiões periféricas em toda a América Latina.


Xingó
21h30 – Espetáculo “So.corro, Se Eu fosse Você eu me Movia” com o Grupo Xingó (São Paulo-SP). Local: Rua Júlio Tiezzi, Centro (em frente ao Galpão da Lua).

Sinopse do Espetáculo:

Grupo Xingó - Espetáculo So.Corro

Dançar é pensar o mundo em que vivemos. Movimentar-se é manter-se atenta, ávida, presente, recusando o sedentarismo e a paralisia. E quando a palavra está desgastada já não comunica mais. E quando a lama enche os poros todos, os nossos rios-artérias secam e toda vida se esvai. E quando o dinheiro permeia as relações, o amor começa a ser medido e pesado e não há mais tempo para o que não for lucrativo. O ambiente afeta os corpos e nós trabalhamos com o movimento. Dançamos. O capital controla o tempo e o tempo é espaço do desenvolvimento humano. A pesquisa travestiu-se de nomes cada vez mais sofisticados e de cada vez menos movimento. Não acreditamos no que não se move. E o que nos move é a experiência. A busca pela elaboração do gesto, pela composição no espaço, pelo fazer junto pra compartilhar. E saber-ver-sentir o corpo requer estudo e pesquisa. Entender o esqueleto, a musculatura, a direção de cada fibra, a espessura das fáscias, a quantidade dos líquidos, o peso, o tamanho, a dimensão, criar a imagem interna para mobilizar externamente, mobilizar a si pra mobilizar o outro.
Um desabafo. Não individual, mas coletivo. So.corro corre contra o tempo para pensar o tempo, buscando no imaginário dos filmes de ação, referências pra entender nossa ação hoje, pra dançar a cidade, a mulher, o relógio, o incômodo, o desumano, o injusto, o desigual. A super-mulher dos filmes de Hollywood ou das capas das revistas se transfigura em gente e ganha rosto, corpo e história. Um corpo feminino e no plural. Mulheres. So.corro é nordestina, são muitas, veias todas abertas na contramão. So.corro é dança, é convite, é provocação.

Ficha Técnica:
Concepção: Grupo Xingó
Produção Executiva: Natália Siufi
Espetáculo: SO.CORRO
Atuação/Criação/Dança: Erika Moura
Dramaturgia: Natália Siufi
Direção de Movimento: Diogo Granato
Criação de Luz: Marisa Bentivegna
Trilha Sonora: Ramiro Murillo
Arte Gráfica do Espetáculo: Anna Turra
Arte Gráfica do Grupo: Bruno Cordeiro
Produção Geral: Grupo Xingó

Programação de hoje:

Quinta, 29 de junho

9h – Roda de Abertura do XX Encontro da RBTR.
14h30 – Plenária da RBTR e debate “Controvérsias contemporâneas” com Terezinha Ferrari (Centro Universitário Fundação Santo André).
20h – Espetáculo “Era uma vez um Rei” com o grupo Pombas Urbanas (São Paulo-SP). Local: Praça da Bandeira, Centro (ao lado do camelódromo).
21h30 – Espetáculo “So.corro, Se Eu fosse Você eu me Movia” com o Grupo Xingó (São Paulo-SP). Local: Rua Júlio Tiezzi, Centro (em frente ao Galpão da Lua).


Grupo Xingó - Espetáculo So.Corro